“A COISA MAIS MODERNA QUE EXISTE NESSA VIDA É ENVELHECER”

TELA SOCIOLÓGICA REMOTA

                           ENVELHESCÊNCIA

             DIA: 25 /05 / 2024 HORA: 09:30

LINK DO ENCONTRO: https://meet.google.com/qbm-jxbv-ciq

         Em 2009, no álbum “Iê Iê Iê”, Arnaldo Antunes gravou a canção “Envelhecer” (Arnaldo Antunes, Ortinho, Marcelo Jeneci). Em um fragmento da letra, ele expressava um desejo: “Eu quero pôr Rita Pavone / No ringtone do meu celular”. Hoje escuto, no spotify, a referida cantora cantando “No Es Fácil Tener 18 Años” (Bernabini), em coletânea datada de 1962. Em um exercício de intergeracionalidade, as novas tecnologias disponibilizam, para os dias atuais, sonoridades de sucessos em pretéritos tempos. A primeira das composições citadas, ganha outra interpretação e é parte da trilha sonora do filme ENVELHESCÊNCIA (2015), dirigido por Gabriel Martinez.

        Quem são os envelhescentes do citado texto fílmico? Homens e mulheres que já passaram dos 60 anos e corporificam um novo conceito do verbo envelhecer: Oswaldo Silveira, com 84 anos, é maratonista. Edmea Correa, 67 anos, e Francisco de Aguiar, seu marido, com 70 anos, surfam. Luiz Schirmer, 76 anos, salta de paraquedas. Ono Sensei, 89 anos, é mestre de Aikido. Edson Gambuggi, 87 anos. Aos 82, graduou-se em medicina. Judith Caggiano, 83 anos, apresenta suas tatuagens e piercings corporais.

        ENVELHESCÊNCIA é coerente com um olhar multidisciplinar sobre o processo de envelhecimento. Vários discursos reforçam a ideia de que ele deve ser visto por diferentes óticas. As ciências médicas, sociais e humanas, dialogando entre si, apresentam a complexidade das abordagens sobre um tema de interesse global. Os matusaléns estão espalhados pelo mundo todo, com variadas feições, cuidados e tratamentos. O médico e gerontólogo Alexandre Kalache, a antropóloga Mirian Goldenberg e o filósofo Mário Sergio Cortella discursam sobre as novas formas de experimentar a velhice, suas ressignificações em uma sociedade de longevos (as), com mudanças demográficas de impacto a cobrar políticas públicas governamentais.

       O termo revolução chega a ser usado por alguns analistas para sublinhar a gravidade do aumento populacional do número de velhos (as) e os seus desdobramentos individuais e coletivos. Um dado demográfico, quantitativo, a exigir mudanças na forma como olhamos e tratamos a velhice. Educar e ressocializar para os encontros intergeracionais nos quais as juventudes aprendam a respeitar e valorizar a presença e o legado de lutas daqueles (as) que abriram caminhos para que os (as) jovens e as suas várias tribos atuais estejam vivendo relacionamentos mais livres e abertos.

       Os Senhores e Senhoras protagonistas de ENVELHESCÊNCIA representam uma das caras das velhices. Eles (as) não experimentam a precariedade vivida pela cara feia, desassistida e pobre da velhice, em suas manifestações plurais. Além das satisfatórias condições socioeconômicas, eles (as) subjetivam uma vontade de viver, exibem forças interiores, positivas vibrações sintonizadas com a proposta de uma bela velhice, em conformidade com o pensamento de Mirian Goldenberg. Esta, ancorada em Simone de Beauvoir, apresenta a perspectiva daqueles (as) que cultivam projetos de vida e não se aposentam dos seus desejos. Na condução de vidas com significados, eles (as) se reinventam e seguem desejantes. Sem desconsiderar o lado cruel e doloroso da conjugação do verbo envelhecer, eles (as) encarnam os (as) duros (as) na queda.

Deixe um comentário