“…SEU DESENVOLVIMENTO COMO PENSADOR ALTERA O QUE VOCÊ PRODUZ COMO CINEASTA”

 “…SEU DESENVOLVIMENTO COMO PENSADOR ALTERA O QUE VOCÊ PRODUZ COMO CINEASTA”

        O cinema, com seus aspectos sociais, políticos, e o seu “papel pedagógico” na vivência de Bell Hooks. Uma ferramenta artística e as experiências visuais por ela possibilitadas no espaço educacional. Em todos os níveis do ensino, as narrativas fílmicas abrem “um canal de experiência compartilhada”. Um filme expressa uma multiplicidade de “pontos de vista”. O discurso cinematográfico focaliza tudo o que diz respeito ao humano. Do ciúme às guerras, ele não é indiferente à divina tragicomédia humana. Nas experiências pedagógicas vividas com textos fílmicos, a professora expõe a sua percepção referente aos temas das suas pesquisas: “comecei a perceber que meus alunos aprendiam mais sobre raça, sexo e classe com filmes do que com a bibliografia teórica que eu pedia que lessem” (HOOKS, 2023, p.19). Aprendizado estimulante com a leitura crítica de diversas textualidades. Nas citações textuais, referências fílmicas, literárias, filosóficas e científicas. Na sala de aula com James Baldwin, Spike Lee e Michel Foucault. Promovendo enlaçamentos, os teóricos dos nossos campos cognitivos são postos em diálogo com os criadores dos filmes do repertório selecionado sobre os assuntos pesquisados.

        Com o olhar crítico, atento, de uma lente sensível, sutil, a obra vista na tela pode projetar um “feminismo de mentirinha” e um “tema subversivo em um filme reacionário”. As telas sociológicas exibem o “que vemos, modos de pensar sobre aquilo que vemos e modos diferentes de olhar para as coisas” (HOOKS, 2023, p.30). A sociedade do artista e a “partilha do sensível” em práticas estéticas e políticas (RANCIÈRE, 2009). Arteiros e a “ampla variedade de conhecimentos como base” das suas arteirices. Visões progressistas e reacionárias no écran das imagens em movimento. Na concepção de um produto artístico, a responsabilidade e a integridade dos seus produtores alertam para os procedimentos éticos de quem cria. “Fantasias neocolonialistas”, “a masculinidade negra” e “reflexões sobre classe” são geradas pelos exames atentos de quem trabalha no/com o “cinema vivido” na sua magia e no seu potencial reflexivo. Contestações críticas, atitudes e olhares opositores, desconstrutivistas e vozes erguidas nas sessões do encontro entre cineastas e seus ativos espectadores.

HOOKS, Bell. Cinema vivido: raça, classe e sexo nas telas. São Paulo: Elefante, 2023.

RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível: estética e política. São Paulo: EXO experimental org.; Editora 34, 2009.

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